27/10 - 東京

O comentário seria que, após dois dias andando pelo metrô de Tóquio sem a mais remota ideia de o que eu estava fazendo, eu tinha começado a pegar vagamente as manhas da coisa. Juro que tentei. Mas hoje, depois de ter comprado o passe de 24 horas e não conseguido fazer umas 3 viagens com ele, a vontade que dá é de pedir para o prefeito dobrar o bilhete em dois e enfiar da uretra. Em dois já cabe, não precisa ser em oito.

Tóquio tem uns dois sistemas de metrô, o público e o privado, um sistema de trens e um de ônibus, cada um deles sem qualquer integração com os três outros, o que deve deixar a vida de qualquer morador  que precisa fazer baldeações muito cara, e o passe do Aderbal muito inútil. Em Portugal não teriam sido mais brilhantes.

A cidade não tem uma mísera lata de lixo nas ruas. Nem nos banheiros públicos se encontra uma, porque os papéis higiênicos lambrecados de matéria fecal devem ser descartados dentro dos vasos sanitários deles, aqueles que jogam aquela aguinha ali no meio do busanfan da gente. Considerável parte dos próprios faxineiros públicos se recusará a receber de suas mãos o lixo que alegremente pegarão do chão se você lá jogá-lo.

A ideia é que você leve consigo o lixo que produziu, mesmo que este sejam embalagens rasgadas e todas melecadas do sorvete tomado, ou, sei lá, cascas de frutas, que vão passar o dia fermentando dentro de sua bolsa. Ou uma embalagem de camisinha usada (e por que não a própria?), que você vai descartar somente em casa, no lixo compartilhado com a patroa, depois de ter se divertido com a irmã dela, ou coisa semelhante.

Ah, a propósito da privada japonesa...
Sim, o jatinho de água é uma delícia, morninho e de boa pontaria, e invoca memórias de sensações vividas em tempos remotos e do Fred, aquele coleguinha da quarta-série. Onde andará você, Fred? sinto saudades.... Também me lembrei do Vandeco, do Ruivo e do Serginho ao usar a privada, mas lembrei de você mais do que de qualquer outro!

E todos sabemos que, para a adequada higienização do fuleco, não basta uma aguinha espirrada ali por baixo, tem também que enfiar o dedo e girar no sentido anti-horário, evocando desta vez memórias muito recônditas do vô Ernesto, e nenhuma vaso sanitário poderá fazer isto por você!

A walking tour de hoje foi aquela coisa bem mais ou menos padrão, com uma japonesinha encabulada, tendo decorado uma dúzia dúzia de fatos a respeito da cidade, vomitando um punhado deles meio mecanicamente a cada parada, e enrolando pra responder as perguntas feitas.
Fugimos no meio da coisa para almoçar, e, depois de passar por inúmeros locais com cardápios sem um fiapo de tradução, chegamos a um lugar bacana, com uma comida bem-apessoada nos cartazes, preço claro embaixo dela, ambiente mais amplo e confortável. Olhando pra cima, era somente uma filial da Sukiya, como há tantas em SP mesmo.

E, por falar em comida, o processo deliberativo interno para a eleição de minha nova musa ainda não pariu resultados. E os ramens e udons pululam nos cartazes e vitrines, mas o que ainda não vi em lugar nenhum é um mero sushizinho ou sashimizinho, uma medíocre tirinha de salmão colocada em cima de uma bolotinha de arroz.




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