26/10 - 東京

Ai, que saudade daquela coisa gostosa de chegar num hotel aparentemente vazio às 10 da manhã, te dizerem que o check-in é só às 3 da tarde, e que no máximo terão a condescendência que guardar suas malas ali num cantinho. A diferença é que aqui o rapazinho fala tem aquele jeito meio atrapalhado dos japoneses, não sabendo o que fazer com  as mãos e consigo inteiro, como um Hugh Grant antes do flagrante por ter comido aquela prostituta, e falando beeeeem menos inglês.


Em Tóquio são mais onipresentes as maquininhas de venda de bebidas do que os arrependimentos em meu passado. Às vezes três por quarteirão, vendendo sempre o mesmo mix de garrafas de chás, latinhas de refrigerantes, café, alguma cerveja. Pensei comigo: aqui vou tomar capuccino gelado em latinha, que lá em SP só se compra na Liberdade a preço vil, até o fiofó convulsionar de tanto tanta cafeína. 110 ienes depois, a maquininha nos entrega latas de café... quente! Tá bom, escolhemos uma que estava sob um sol inclemente, mas não era para tanto entregar aquela latinha pelando, difícil de segurar. Sempre achei meio prepóstera a ideia de tomar café gelado, mas, enfim, fica gostoso, mas agora me dei conta de que provavelmente a ideia original era tomá-lo quente da latinha mesmo, e a máquina já o entrega aquecido!

Exceto pelas ruas mais calibrosas, em Toquio não existem calçadas, apenas umas faixinhas estreitinhas nas laterais do asfalto, que são disputadas sem muito critério pelos transeuntes nos dos sentidos e pelos ciclistas. Pouco compreensível para o que dizem ser uma das cidades mais adensadas do mundo, pau a pau com Gaza, pelo menos antes dos bombardeios, que estão dando uma boa forcinha ao controle populacional.

A primeira coisa que fiz ao chegar ao largar a mochila no hotel foi esquecer de botar no bolso a modafinila que tinha trazido para a ocasião de 12 horas de fuso horário na cabeça, então achei que ia passar aquele dia horroroso de zumbi, mas até que segurei bem o sono. Mas podia estar ainda um pouco aéreo sem me dar conta. O dia inteiro a sensação na cidade foi de um estranho assoberbamento, com milhões de coisas novas e desconhecidas chamando a atenção, ao mesmo tempo que as decodificava e desfrutava apenas parcialmente, pela dificuldade de ler o que estava escrito.

 
O metrô é um pesadelo divertido de tentar decifrar, mas com uma chance justa, porque a tradução dos nomes das estações às vezes aparece nas telas. Em nem todos os países deve ser não tão difícil.

Finalmente, à noite, o que você faz em sua primeira noite de Japão? Vai comer num restaurante, claro.... Himalaio!
A comida não é tão diferente daquele batidão entre o indiano, chinês e japonês, mas bem caprichada, com carne em vez de repolho dentro do que seria a variação de um gyosa.

E à noite, fui visitados por sonhos intraquilos, após os quais encontrei-me em minha cama metamorfoseado em um ser absolutamente desnorteado e desorientado, gratamente surpreendido ao perceber que estava em Tóquio. O jet lag havia finalmente batido.


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