31/10 - 京都

Quioto tem duas regiões interessantes, Gion, a de ontem, com os milhões de templos e uma coisinha ou outra associada à cultura de gueixas, e a de hoje, Arashiyama, floresta de bambus, parque, riozinho e coisa e tal. Dá pra identificar pelo amontoamento de legiôes de turistas. O resto é um grande e contínuo subúrbio, sem nada relevante, de ruazinhas sem calçadas, casinhas feiosinhas e, sim, um não tão ocasional templo ou outro entremeando-as, como a gordura num filé de boi wagyu.

Carne de wagyu que acabei finalmente comendo. Não em forma de filé, mas dentro de um gyosa pega-turista supercaro. E, adivinhem, tinha gosto de, hum..., carne!
Ainda não foi espetinho de grilo, mas acabei comendo sem querer também um meio que croquete de polvo, com aqueles pedacinho de carne borrachudos, mas até que não completamente intragáveis, testando o talento de minhas obturações.

A média de caminhadas tem sido de uns 20 km por dia. Não choveu mais, mas o sol é meio inclemente no início da tarde. Escurece cedo, já lá pelas 17:00. Seguir maltratando-as diariamente não ajuda muito, mas as bolhas nos dedos dos pés vão tomando juízo e se resignando a virar uns cascões de epiderme deselegantes mas funcionais. E, como se percebe pela enumeração se fatos cotidianos, nem sempre a mente mais reflexiva borbulha indocilmente e pede registro do que fabulou.

À noite, até por falta de mais a fazer, retornamos a Gion para uma segunda caminhada guiada. Desta vez, com uma mocinha local, epítome daquele jeito meio encabulado japonês, alternando 32 nem ao menos risadinhas, mas ostensivas gargalhadas nervosas com cada sílaba que dizia em seu inglês incompreensível, tornado ainda mais árido pelo riso compulsivo. Deu pra aguentar uns 20 minutos daquilo, e então de volta pra Netflix no hotel longe aqui no subúrbio.

Ah, hoje foi Halloween, e eu atolado aqui em Quioto. Em outras ocasiões e lugares, já participei de paradas, sessão de Rocky Horror Picture Show, ao menos ampla e divertida decoraçào das cidades com o tema. Aqui, duas ou três vitrinhas marcavam a efeméride, e no máximo devo conseguir tomar amanhã um milk-shake com um corante preto do Starbucks tentando faturar em cima da data.