09/11 - 台北

E hoje, mais um dia basicamente perdido dedicado à vinda para Taiwan. Com o voo no início da tarde, a manhã vira apenas um enrolar até a hora de ir para o aeroporto, e a noite vira pouco mais do que um aguardar até que o dia seguinte comece. Se fossem uns 30 os países incluídos na viagem, este eterno é só o que eu faria, todo dia.
O aplicativo do metrô de Busan não apontou que haveria uma baldeação para uma linha de trem, não coberta pela tarifa, para chegar ao aeroporto. Se tivesse reservado o dinheiro contadinho, provavelmente teria perdido o voo. Ou não, porque este depois atrasou para sair.
No check-in do aeroporto, a tia atrás do balcão implicou em pedir o recibo de que as passagens haviam sido de fato pagas, como se o fato de os bilhetes terem sido emitidos não fosse comprovação suficiente de que a companhia não as havia me dado de presente porque achou fofa a minha pancinha sexy. Depois de acrescentar à mão, brigando com o alfabeto latino, todos os sobrenomes que não achamos necessário incluir na reserva, havíamos superado mais um cagaço e estávamos liberados para embarcar.

Antes de desfrutar dos 40 minutos de atraso do voo, na companhia de chineses falando alto nas cadeiras de trás na área de espera, o filho da putinha do raio x confiscou meu tubo de creme anti-inflamatório de estimação adquirido há tantos anos numa viagem aos Estados Unidos, e que desde então passeava em minha mochila, porque ele tinha um volume de 113 ml, e o máximo permitido são 100. Enquanto isto, de meus emplastros de fentanil, dos quais provavelmente bastaria colar uns três em minha pança para ter minha já tão poatergada parada respiratória, e que também já carreguei comigo por uns 30 países pro caso de ter que lidar com uma dor de atropelamento, amputação ou o que o valha, ninguém nem tomou conhecimento ou fez cara feia.

Dentro do avião, que felicidade, apesar de ser um voo curto, vi que começavam a servir o almoço (no voo pra Coréia não haviam dado nem um copo de água de graça...), e pensei: hoje vou me dar bem! 
Ledo e brutal engano! O cardápio era um arroz com camarões e uma coisa cartilaginosa que parecia um fruto do mar de outro planeta, e do qual obviamente mantive enojada distância, uma gosma que parecia um purê de batata doce, que acabei encarando mas foi a coisa mais bizarra que já comi depois daquela minha antiga colega das aulas de jump na saudosa academia que tinha uma tatuagem de um dos supergêmeos em cada nádega, e, de sobremesa, uma fatia de abacaxi.
Em Taipei, pela primeira vez um sistema de metrô mais navegável, passível de ser decifrado por um forasteiro recém-chegado. E bem razoavelmente pouco cheio para um dos lugares de maior densidade populacional do sistema solar. Mas os trens também demoram horrores, como no Japão e Coréia. Quase-orgulho de minha terra, onde o metrô passa a cada 2 minutos, exceto no domingo à noite, quando estou voltando de meu treino de maratona, fodido e fedido, querendo chegar logo em casa.
Outra ideia revolucionária já adotada na Bozolândia há alguns anos  mas que, também aqui, que já não é assim uma pérola de civilidade e organizaçäo, parece absolutamente ignorada por todos, é o conceito de lixeiras na rua. 
O que deu pra fazer hoje foi ir comer num dos célebres mercados de rua da cidade. Na verdade, quateirões sem fim de um caos superlotado de stands e lojinhas vendendo cacarecos, barraquinhas de comida, portinhas meio nojentonas vendendo também comida barata, frequentemente indecifrável, milhões de transeuntes e bilhões de motocas, à vezes com uma família inteira empoleirada em cima, todos fazendo muito barulho e tentando não passar um por cima do outro.
A experiência é como sujar as mãos comendo alguma coisa sentados num caixote embaixo de uma viaduto na baixada do Glicério, cercado por aqueles engradados de madeira, provavelmente com uns ratinhos passeando por trás deles, só com menos nóias e bandidinhos em volta. E achar isto tudo fantasticamente exótico e querer voltar no dia seguinte.
Nas lojas de conveniência, fartas no Oriente, lojinhas de doces e supermercados, não só aqui mas desde o início da viagem, as porções de chocolates e jujubas são mínimas, excessivamente super-embaladas, em unidades cada vez menores, chegando a um saquinho para cada bala, o que faz com que não caibam muitas numa caixinha já pequena, se produza uma quantidade pornográfica de plástico, que mesmo sem latas de lixo na rua muito raramente se vê descartado no chäo, e acaba em algum momento indo parar dentro do nariz de uma tartaruga em Galápagos.

O hotel, que foi supreendentemente barato, é enfrentável, com banheiro no quarto e TV na parede, com 800 canais de programaçäo em chinês, papel de parede que parece vir de um cenário de um filme do Tim Burton descascando, interruptores soltando das paredes e mais cheiro de mofo e bolor do que o desprendido da vagina da ex-esposa do Elton John.

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