13/11 - Macau
Antes de minha primeira viagem para a Europa, lá atrás quando, como diz o Caetano, o jato da urina ainda era forte, e, como diria o Alexandre frota, dura era a anatomia da travesti do filme Penetrações Congressuais, não o ser reeleito, eu achava, que, na verdade, a Europa começasse na França. Depois da viagem, mudei de ideia, e passei a achar que já começava na Espanha.
Anos demais para ainda permanecer vivo depois, voltei a Portugal e encontrei uma Lisboa diferente, ainda cheia daqueles nauseantes azulejinhos azuis, e muito mais cheia de brasileiros, mas surpreendentemente bonitona e interessante, deu gosto passar uns dias lá.
E eis que hoje chego a Macau, que é uma Portugal que não mudou, onde as pessoas falam uma coisa quase tão difícil de entender do que o português luso.
A passagem pelo modesto aeroporto local foi rapidinha, mas a cidade não tem metrô, só uma monotrilho ligando cassinos distantes do centro. No ônibus para chegar ao hotel, o sistema de pagamento é tosco: simplesmente se joga o dinheiro dentro de uma urna de acrílico, sem qualquer processamento ou conferência.
A cidade é aquela coisa velha e malcuidada, mas com uma estética de descuido portuguesa, e não taiwanesa. Alguns poucos pontos turísticos parecem merecer mais atenção, e estão bonitinhos, modernos e bem conservados.
Décadas e décadas depois da devolução da cidade à China, absolutamente tudo ainda é escrito também em português, frequentemente com letras maiores do que em chinês. E absolutamente ninguém por aqui fala português, ou parece ter ascendência portuguesa. Nem inglês falam razoavelmente, mesmo em locais mais turísticos, como os cassinos, que são foco de visita muito mais voltados para os próprios asiáticos. Ocidentais vão pra Las Vegas.
O Hotel desta vez não tem cheiro de mofo, mas o que não tem em embalagens de café instantâneo ao lado da cafeteira ali em cima da mesa (coisa mais lusitana...) tem em baratinhas passeando pelos colchões.
E a cidade está toda gradeada, cheia de tapumes de metal, com o trânsito todo ainda mais obstruído, em função da prova de Fórmula 3 (Las Vegas fica com a Fórmula 1, acho). Só vi um cassino até agora, o mais central e clássico, que imaginei que, até pela idade, seria mais decadentezinho), mas é uma exorbitância em luxo brega. Tem um restaurante de buffet de causar uma inflamação aguda nas parótidas, mas com um preço também capaz de causar indigência instantânea no vivente.
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