15/11 - 香港

Hong Kong é extenuante. A cada rua a ser atravessada, é necessário subir para uma passarela, ou descer para uma passagem subterrânea, que invariavelmente te afastam do mero outro lado da rua e te jogam para dentro de alguma galeria de lojas de onde você então passa meia hora tentando sair, e aí descobre que acabou dando na metade da rua lateral adjascente, o que te faz ter que entrar em alguma outra rampa para tentar corrigir seu percurso, e assim por diante. Quarteirão após quarteirão, transformando uma caminhada moderada, de uns 10 blocos, em uma sessão de inferno num labirinto de ratinhos, pagando o preço em pernas,  tempo e saco.
A cidade parece mais entupida de gente do que a própria Taipei, é impossível apertar o passo na rua, porque fatalmente tem uma aglomeração na sua frente. Em decorrência disto, um dia que achei que ia ser meio embromation, por nem ter tido tempo para ler direito sobre os pontos de interesse, acabou se esticando mais do que o imaginado, e conseguimos voltar ao hotel apenas depois das 9 da noite.
Hotel, aliás, é uma palavra excessivamente generosa para descrever o cortiço onde viemos parar! A coisa é tenebrosa, um prédio de uns 20 andares, em cima de um mercadão baixaria cheio de lojinhas de indianos, destas em que lavam o chão e jogam a água suja para o corredor, com uns 329 minicubículos que se pretendem quartos de um sem número de "guesthouses" por andar, dispostos ao longo de corredores tão apertadinhos que nem se conseguiria fazer um filme catástrofe por aqui, porque o ator interpretando o bombeiro não seria capaz de passar por eles segurando um extintor. Picadas eu ainda não senti, mas pulgueiro total. Os elevadores minúsculos, que dão acesso a esta tragédia prestes a acontecer, têm fila de desqualificados feiosos tentando ficar hospedados barato em Hong Kong, como se aquele pessoa gente boa toda da favela da Maré tivesse vindo passar uma temporada aqui fugindo das balas perdidas. Desta vez me superei bonito!
Depois de nos perdermos bastante pelas passarelas e shopping center, conseguimos chegar ao M+, mastodôntico museu de arte contemporânea, que teria sido o programa mais fantático desta viagem se fosse graituito, mas a uns 75 reais pra entrar, faz com que a visita seja feita com aquele travo amargo de bile subindo pela garganta. alugar gigantesco, com cada ala do tamanho de um museu em si mesmo. Com duas horas antes de seu fechamento, além de termos tido que pagar esta grana animal, ainda tivemos que ver tudo meio corridinho, teria rendido uma tarde inteira tranquilamente.
Depois, em compensação, uma destas coisas fantátiscas, e gratuitas, nas quais a gente esbarra sem querer, não estão escritas em guia turístico nenhum, porque só duram uns poucos dias, e fazem a gente quase achar que houve algum mérito em ter sido cagão demais para ter permanecido vivo até o momento em que as viveu: On the Wings of Hermés, uma enorme peça publicitária da loja de bolsas caras para peruas endinheiradas, mas com um conceito genial: maquetes sendo manipuladas por uma equipe de titereiros enquanto são filmadas e projetadas simultaneamente em telões em cima da instalação, criando um filme instantâneo, com efeito especiais criados ali na hora, mecanicamente, com sacadas geniais em sua simplicidade.
Eu recomendaria enfaticamente, mas vai durar só esta semana.
E o skyline de Hong Kong não cabe em palavras.

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