16/11 - 香港
Caminhadas gratuitas da GuruWalk são como as Senhoras de Santana: não são apenas elas que não dão certo. A nossa de hoje, agendada pela Freetour, começou com o guia não aparecendo nem dando sinal de vida, e nós ficando ali com aquela cara de cu olhando pro nada, junto com um alemão e um italiano. Graças ao poder de minha astúcia, que também já havia reservado outra caminhada para amanhã, sugeri que tentássemos pegar carona nesta última, que saía dali perto e meia hora mais tarde, hoje mesmo, e conseguimos ser incorporados a ela, mesmo sem reserva.
No final, um grupo de 8 pessoas, não teria sido impraticável dar um perdido, e o guia devia ficar contente porque afinal eu havia levado mais dois pagantes pra caminhada dele, mas, num infrequente, conquanto não indolor, arroubo de generosidade, ainda me permiti pingar vintão na mão do camarada, ele era esforçadinho.
Minhas viagens têm alguns rituais: o parque de diversão. O almoço num buffet livre. Minha comidinha anual de uma hóstia (o que, aqui no oriente, dificilmente vai acontecer, e jesus cristo precisará aguardar mais um ano para sentir minha mordida em seu corpo... Por aqui, mais viável mesmo será morder um incenso). Hoje foi o dia de subir lá na montanha, e depois descer da montanha. Não rolando uma pedra, como meu quase-herói Sísifo, mas quem precisa de uma quando já se tem uma pança como a minha?
Mais tarde, visitamos mais um museu e umas galerias de arte contemporânea, mas agora tudo empalidece perante a experiência do M+ de ontem.
Para o jantar, uma pizza não barata, mas de preço e tamanho mais honesto. Num restaurante onde todo mundo, curiosamente, falava em inglês, bem pra além dos incontestes mas poucos turistas ocidentais, inclusive os atendentes, e nada estava escrito em chinês. Depois de passar por uns 4 supermercados, todos meio escondidos dentro de galerias de lojas, e, apesar de médios ou grandes, indigentes em sua oferta de um bom leite achocolatado e biscoitos bacanas, enquanto o tempo ia passando, deu no impulso sair correndo para assistir ainda hoje mesmo o Light and Music Show, evento dioturno em que, ao som de uma musiquinha meio sub-Jean Michel Jarre, os prédios do skyline se acendem ainda mais, com vários efeitos luminosos em suas fachadas. Não acrescentou muito à vista já bonita, mas, enfim, era de graça.
Na correria, à noite, ao pisar no que me pareceu ser o mármore meio empoeirado do pedestal de uma estátua na praça da orla do porto, senti um molhado na perna, e não era esta penetrando na colostomia do Jair Messias, e sim eu metendo o pezão num espelho d'água meio sujinha, por pouco não caindo inteiro lá dentro dele e possivelmente acabando pagando uma multa power.
De volta ao cortiço, após encarar a longa fila para pegar o elevador que leva todos nós insetos para os vários andares deste formigueiro humano, pude ao menos me confortar com o fato de que, se rolar um incêndio neste desastre esperando para acontecer, minha perna será a última parte de meu corpo a queimar.
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