25/11 - 上海

Hoje finalmente conseguimos chegar (quase) sem atraso na caminhada.
Tocada por um Xangaiense nato, que disse nunca ter morado fora, mas que tinha um inglês muito bom. Ficava o tempo todo cobrindo a boca com a mão ao falar, como se estivesse inseguro quanto ao próprio hálito ou perdigotos, ou não quisesse que víssemos que tinha um dente podre ou uma.gengivite purulenta. Ao fim do trajeto, na hora da graninha, apenas nos despedimos e dissemos até amanhã, para a caminhada do dia seguinte, para não ter que pagar o cara duas vezes... e eis então que, minutos depois, o sujeito vem até nós, já sentados um pouco afastados do local de dispersão da caminhada, perguntar polida mas resolutamente, se não pensávamos em "demonstrar alguma apreciação" por seu serviço. Merecidíssima intervenção, parasita merece mesmo tomar puxão de orelha. mas ainda assim indevida, afinal o nome da atividade é "caminhada grátis", não "caminhada paga de acordo com a  discricionariedade dos participantes".
Agora, de amanhã não escapo de pingar um pixulé na mão do cidadão. Provavelmente vou dar pouco, e ele vai disfarçar muito mal a cara de insatisfação.
À tarde, depois de um kebab de carne de pato, visitamos a M50, conjunto nausantemente interminável de pequenas galerias privadas de arte, algumas com trabalhos meio medíocres, outras bem interessantes. De graça, e sem fim... Compensaram bem pelas que não consegui ver ontem porque só existiam no guia turístico ou no mapa. Depois mais um templo, porque templos são para uma viagem ao oriente o que o sexo anal é para uma vida sexual: não exatamente indispensável, agradável ou tranformador, mas a gente começa a achar que algo está faltando se fica muito tempo sem.
E à noite, a extorsivamente cara comédia de stand-up. Tudo corretinho, aquele humor redondinho, inofensivo, sem qualquer ousadia ou coragem de causar o mais microscópico engulho, muito mais sintonizado na ternura de uma Vovó Mafalda do que assombrado pelo fantasma de Lenny Bruce. Piadas muito calcado na experiência de estar morando em Xangai, questões relacionadas à linguagem e costumes. O sorriso no rosto dos comediantes já se esgotava uns dois passos antes de terminarem de sair do palco, dois deles foram lá, fizeram sua apresentação de 15 minutos, embolsaram seu cachê e caíram fora, de volta pra casa. Numa platéia com uns 100 lugares, 4 estrageiros. E eu, o brasileiro de nome que mais soa como um palavrão até mesmo em meu próprio país, fui um dos mais fritados. Show de comédia é que nem suruba, não basta assistir, tem que participar, meu amigo!

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